Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Magali do Nascimento Cunha 156 how the mediatization of religions, specifically the process involv - ing the Protestant faith in Brazil, potentiates this phenomenon, provoking the emergence of a Protestant digital political activ- ism. The study is developed in an interdisciplinary perspective based on theoretical approaches on communication (studies on social mediatization), of religious studies (Protestants in politics in Brazil) and on previous works by the author that relate media, religion and politics. The results of this study show that digital Protestant political activism emerges from the processes of me- diatization experienced by this religious segment in Brazil. Keywords: Midiatization. Religion. Politics. I - Introdução Não se pode mais ignorar ou negar a visibilidade que as religiões alcançaram no espaço público no tempo presente. As religiões estão em evidência seja no âmbito do cotidiano (cul- tivo da religiosidade e sua pluralidade de práticas), no plano do acesso às mídias e da interação midiática (aquisição de espaços nas mídias tradicionais e digitais, produção e consumo de con- teúdos, constituição de suas próprias celebridades, midiatização da linguagem e das práticas religiosas), como objeto da indús- tria cultural (temas de publicações, filmes, telenovelas), como segmento do mercado (consumo de bens, serviços e entreteni- mento), na esfera da representação e da participação política institucionalizada ou não (busca de religiosos e de instituições religiosas pela ocupação de cargos públicos, ativismo político e ações de grupos extremistas, com destaque para o Islã), ou nos debates relacionados aos direitos civis (corpo, gênero, sexuali - dade, reprodução, biopolítica, liberdade de crença). As abordagens das ciências humanas e sociais sobre o declínio das religiões por conta dos processos de secularização e modernização, introduzidos a partir do século XVIII, passaram, então, a demandar revisões (BERGER, 2001). As religiões, que na modernidade iluminista e humanista deixavam de ser regula - doras da vida coletiva, sendo relegadas ao domínio do privado, do indivíduo, da subjetividade, mostram-se na contemporanei- dade desprivatizadas.

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