Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

99 Circulação e transformações dos discursos jornalísticos Circulation and transformations of journalistic discourses Antônio Fausto Neto 1 Resumo: O tema da circulação aparece em um cenário comple- xificado das dinâmicas da midiatização em processo. A circula- ção é deslocada de uma compreensão naturalizada para uma problemática central, especialmente no âmbito do funciona- mento discursivo de práticas sociais, como as de natureza jor- nalística. Deixa de ser entendida pela perspectiva transmissio - nal, conforme assim concebia visão de estudos funcionalistas, e passa para uma outra, de natureza relacional. Segundo esta perspectiva, a circulação é o resultado da diferença entre ativi- dades de produtores e receptores de mensagens, cuja dinâmica se manifesta através de “feixes de relações” de discursos, segun - do trabalho enunciativo que aponta para inevitável “desajuste” de sentidos. A partir destas questões, examina-se neste artigo o funcionamento da circulação em três cenários que envolvem discursos jornalísticos e não jornalísticos. O primeiro, no qual as mídias jornalísticas se destacavam como lugar em que a cir- culação operava como “zona de transposição” de mensagens, e os jornalistas como seus veiculadores; um segundo, no qual ela é transformada em uma “zona de articulação” tecida por entre- laçamentos de mensagens entre produtores e receptores, e na qual os jornalistas se apresentaram como atores-mediadores da interação entre instituições e os atores sociais; e um terceiro, 1 Professor Titular do PPGCC-Unisinos. E-mail: afaustoneto@gmail.com.

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