Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Wilson Gomes 14 envolvem-se em variados níveis de interface e padrões de siner- gia e simbiose, uma vez que os diversos campos originários ne- cessitam alcançar a sociedade. Não há economia ou cultura sem consumidores, não há política sem eleitores e opinião pública, e não se pode conseguir atenção pública, audiência e visibilidade em nível relevante, para serem comodificadas em consumo, de - cisão eleitoral ou apoio, por exemplo, sem comunicação. Além disto, este espaço do “inter”, do “entre”, que fin - da necessariamente por se constituir, não consiste, em hipótese alguma, em mera aglutinação ou justaposição, mas em uma re- sultante química em que os elementos combinados já certamen- te se transformaram em uma outra coisa. Diz-se mediatização para a função que os elementos da comunicação cumprem na química social quando os recursos e meios, antigos e novos, da comunicação se combinam com os elementos de outros campos sociais. Mas se usa essa expressão também para designar o que resulta desta combinação, essa nova forma social da qual os ele- mentos da comunicação não podem ser mais separados e são condição de sua possibilidade de existir. Em segundo lugar, há o problema da extensão do con - ceito de mediatização, isto é, do conjunto dos fenômenos do mundo a que este pode ser devidamente aplicado. Por sua pró- pria natureza, a mediatização da vida social não pode ter uma extensão muito limitada, mesmo que se façam recortes no uni - verso da aplicação e falemos de coisas como a mediatização da política, da cultura, do entretenimento ou da sociabilidade. Cada uma dessas delimitações ainda comportaria um universo de coi- sas. Medeiam-se e mediatizam-se muitos e mui variados fenô- menos, razão pela qual a extensão do conceito precisa ser, por força, abrangente. Por outro lado, se as fronteiras epistêmicas são dema- siado extensas, há dois riscos. O primeiro consistiria em acaba - rem coincidindo os limites da mediatização com, pelo menos, os limites da comunicação por meios tradicionais e por meios e ambientes digitais. Afinal, quando falamos que há um cam - po da comunicação e um campo da política ou da cultura, por exemplo, não dizemos toda a verdade, posto que a comunica - ção inclui, sim, uma materialidade própria. Há uma indústria da comunicação, com todos os elementos de uma empresa em um

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