Mesa III do Seminário Midiatização debate mudanças sociais e processos de circulação

Por em 18 de janeiro de 2021

No dia 2 de dezembro, foi realizada a terceira mesa do IV Seminário Midiatização, As mutações: o conhecimento em circulação. Os pesquisadores integrantes da mesa foram a Profª. Drª. Ana Paula da Rosa (UNISINOS), o Prof. Dr. Mario Carlón (UBA-ARGENTINA) e o Prof. Dr. José Luiz Aidar Prado (PUC-SP).

A pesquisa de Mario Carlón trata-se de uma investigação a partir do discurso de posse do presidente argentino Alberto Fernández. A ênfase do estudo reside nas mudanças na construção de acontecimentos midiatizados e de fluxos de sentidos que viajam entre as redes sociais digitais, e os meios de comunicação massivos, bem como na circulação de sentidos surgida dentro dos coletivos sociais até os espaços públicos.

Ana Paula da Rosa abordou a temática da circulação de imagens de rostos de crianças envoltas em conflitos na Síria e de crianças moradoras de favelas cariocas e a negação de sua visibilidade. De acordo com Ana Paula, o objetivo de sua pesquisa é problematizar os processos de transformação da sociedade permeados pelo contexto da midiatização. “Cada vez mais as lógicas da midiatização para além das de mídia são aprendidas por sujeitos que ascendem ao espaço discursivo, isto é, critérios de visibilidade, operações e táticas, de exposição e de apagamento, de circularidade de sentido passam a ser elementos centrais nas interações, orientando os fazeres diversos”, explicou. 

A apresentação de Aidar Prado teve como pergunta orientadora “O que a midiatização tem a ver com a cultura de consumo do capitalismo comunicacional? ”. O enfoque está nos modos de capitalização da atenção e de monetização. Segundo Aidar, é necessário investigar os processos de circulação pensando na cultura do consumo e na midiatização. “Os cidadãos hoje são tratados como consumidores. o consumidor é convocado a participar das redes de desejo e busca uma satisfação que é anunciada como plena mas que jamais é realizada de modo que prossiga na busca”, explanou Aidar.

Após as falas de síntese de suas conferências, os pesquisadores fizeram perguntas uns para os outros a partir dos temas apresentados. Seguindo a ordem da apresentação, Carlón perguntou a Aidar como articula a reflexão acerca de dispositivos de circulação de sentidos e a reflexão sobre capitalismo afetivo e midiatização frente às possibilidades de consumo dos usuários no ambiente online. Para Aidar, as duas perspectivas devem ser examinadas em níveis gerais e específicos. “Acho que essa articulação não é dada a partir de um nível geral. Ela tem algumas questões que atravessam essa nível geral e que seriam, por exemplo, questões de dados funcionamentos, por exemplo, do liberalismo onde o usuário é interpelado mais como consumidor do que como cidadão e convocado a uma espécie de projeto identitário de se formar um ‘Eu S.A’, um auto empreendedor. Em níveis mais específicos, em cada pesquisa a gente tem que verificar como se dá essa articulação mais ampla. Por exemplo, como as lógicas de midiatização funcionam nas disputas entre grupos diferentes”, afirmou.

Um dos comentários de Carlón sobre a pesquisa de Ana Paula se referiu à ênfase na circulação e em como indivíduos e coletivos amadores utilizam protocolos regidos por regras diferentes daquelas dos meios massivos ou sem regras definidas. Segundo a pesquisadora, “sobre a diferença nos protocolos dos meios massivos e dos meios amadores, há uma relação cada vez mais intensa entre os dois. Nem um processo de um ou outro, mas de articulação, de acoplamento. Mesmo os amadores quando criam estratégias de contra-agenciamentos, e que não estão pensando nos meios como um fim, eles negociam com os meios. Em especial porque as lógicas dos meios foram didatizadas e já estão apropriadas”.

Conforme os protocolos das mesas de debates do evento, a parte final do encontro foi reservada para os comentários e perguntas do público. A íntegra da gravação da Mesa III do Seminário Midiatização e as apresentações dos conferencistas podem ser acessadas em no canal do Midiaticom.