Primeiro dia do Seminário Midiatização debate a construção comunicacional do conhecimento

Por em 5 de novembro de 2020

Na quarta-feira (4/11), iniciou o IV Seminário Internacional em Midiatização e Processos Sociais. A mesa de abertura do evento, intitulada A construção do conhecimento: entre o social e o comunicacional, trouxe as conferências dos professor pesquisadores Dr. Ciro Marcondes Filho (USP) e Dr. José Luiz Braga (UNISINOS). Realizado em formato online, o encontro teve as falas dos participantes traduzidas do português para o inglês e vice-versa, de acordo com o idioma nativo de quem tomava a palavra. Participaram do primeiro dia de Seminário, pesquisadores e discentes do Brasil, Argentina e Suécia.

 

Primeiro a apresentar, Braga abordou questões sobre os dispositivos de aprendizagem relacionados à comunicação humana. Conforme o pesquisador, existem dois níveis de aprendizado humano, sendo um deles a respeito de informações, conhecimentos e processos estabelecidos na cultura, e o segundo acerca com os problemas decorrentes de dificuldades da existência e da sobrevivência. “Em circunstâncias de paz e de estabilidade, podemos dar uma ênfase relativa às aprendizagens de cânones vigentes, mas em circunstâncias de tensão social, em segurança, de estabilidade, ou de grandes transformações, precisamos investir mais na aprendizagem relacionada ao enfrentamento de desafios, à aprendizagem resultante de experimentações sociais. É isso que nos leva, então, à ideia de midiatização”, afirmou.

 

Em seguida, Ciro Marcondes apresentou perspectivas sobre a construção comunicacional da realidade. Ele sintetizou suas proposições em três perguntas que designam mudanças civilizatórias a reboque da perda da posição de privilégio do homem na cultura. “[A primeira pergunta é] o que quer dizer isso? que é a  fase da escrita. A segunda, e estou classificando por importância, é: Que novo mundo surge agora com os aparelhos tecnológicos? Terceiro, que tipo de homem se está criando no século 20 e 21?”, indagou.

 

Logo após as apresentações, os conferencistas encaminharam questões um ao outro e dialogaram sobre cruzamentos e diferenças de visões sobre a Comunicação expressas em suas falas. Perguntado por Braga sobre o papel da universidade na elaboração de estratégias para enfrentar os problemas sociais, Ciro Marcondes relembrou projetos desenvolvidos junto a alunos para mobilizações teóricas para reflexão e intervenção social e declarou que  “a universidade só existe por esse motivo, para interferir no cultural,no social, no político, biológico etc. Aí interfere o saber universitário e aí eu acho que é o único papel efetivo e social da universidade”, analisou. Em continuidade à dinâmica de elaboração de perguntas e respostas entre os debatedores, Ciro Marcondes devolver a Braga a pergunta sobre o papel da universidade e da Comunicação frente aos problemas da sociedade. “Eu acredito que nós passamos hoje uma instabilidade do período atual representa um grande perigo para a civilização humana. Eu acho que a situação política mundial com o avanço da extrema direita é fortemente relacionada ao nosso desconhecimento dos riscos da midiatização. E, portanto, o importante é agora desenvolver sistemas críticos não apenas contra as experiências negativas, mas contra as próprias lógicas que sustentam essas experiências”, respondeu Braga. A parte final do encontro foi destinada às perguntas dos espectadores.

 

Na próxima quarta-feira (11/11), será realizado o encontro da segunda mesa do Seminário Midiatização, intitulada O Conhecimento de códigos, redes e mediações algorítmicas, com as conferências de Sandra Massoni (UNR – Argentina), Eneus Trindade (USP) e Gilberto Gomes (Unisinos), a partir das 9h30, no Brasil, e 12h30, na Europa. 

 

A transmissão da mesa de abertura do evento está disponível na íntegra no canal Midiaticom.

A programação geral do Seminário Midiatização pode ser conferida aqui.