Call For Papers

VII Seminário Internacional de Pesquisas em Midiatização e Processos Sociais
Tema central: Qual abrangência e validade do termo midiatização?
Realização: UFSM-USP, maio de 2025
Formatos:
– Grupos de Trabalho: maio de 2025 (remotos e híbridos)
– Conferências e Mesas de Debate: 27 a 31 de maio, na ECA USP
Submissões: de 15 de janeiro de 2025 a 15 de março de 2025
Link de submissão: CLIQUE AQUI!

QUAL ABRANGÊNCIA E VALIDADE DO TERMO MIDIATIZAÇÃO?

O debate em torno do conceito de midiatização tem permitido confirmar sua contribuição à compreensão dos processos sociais contemporâneos, inclusive quando em interface com outros conceitos da área da comunicação e das teorias sociais e da linguagem, incluindo-se aí a demanda de que a produção científica considere a contínua revisão dos seus fundamentos teóricos e metodológicos. Essa revisão aponta a necessidade de uma produção científica que, em conexão de rede produtiva, vá além dos focos anteriores de grupos de pesquisa centralizados em territórios hegemônicos. Em confronto com a instabilidade sociocultural em midiatização, a produção científica exige a comparação entre territórios ambientais globais que devem ser compreendidos na constante produção das suas diferenças.
Considerando a convergência dos pontos selecionados para esta edição, é importante assinalar que o Seminário de Pesquisas em Midiatização e Processos Sociais leva em conta a instabilidade da ciência. Acompanhando a evolução tecnológica e sociocultural do contemporâneo, exige uma produção científica atenta aos parâmetros epistemológicos que, em revisão mais heurística do que aplicativa, solicita atualização de seu conceito central, bem como a verificação empírica da suas dinâmicas.

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O VII Seminário Midiatização enfocará seis eixos temáticos construídos em encontro da Rede Internacional de Pesquisa em Midiatização e Processos Sociais, realizado em setembro de 2024:

1. EIXO TRANSVERSAL: ABRANGÊNCIA DA MIDIATIZAÇÃO
Uma questão relevante, hoje, para pensar “midiatização” é refletir sobre o alcance do termo e a abrangência dos processos – em pelo menos três perspectivas. Primeiro, seu alcance para tratar do tema central “comunicação” (os dois termos coincidem ou não no que se refere ao conhecimento comunicacional?). Depois, no que se refere ao aspecto histórico (a midiatização se refere à tecnologização dos processos interacionais da humanidade ou cobre toda a existência da espécie?). Finalmente, a palavra “midiatização”, atualmente, implica uma concentração no estudo dos meios ou deve envolver, para além dos observáveis imediatos destes, as linguagens, as estratégias e os ambientes sociais instituídos ou culturais, como parceiros processuais no que se refere ao
trabalho da comunicação? Essas questões serão transversais no conjunto das mesas e devem ser problematizadas conforme enfoque específicos desenvolvidos nos eixos e pesquisas dos conferencistas participantes.

2. NARRATIVA, TEMPO E ESPAÇO SOCIAIS
O eixo tempo, espaço e narrativa está consolidado na área da comunicação, com diversidade de perspectivas epistemológicas e de estudos empíricos, abrangendo meios e processos que passam pela oralidade, formas de escrita, a imprensa, o rádio e a televisão.
Na perspectiva das mediações, é uma problemática que se reitera no estudo das narrativas televisivas. Ou, na perspectiva da midiatização, há a hipótese de que os processos contemporâneos transformam as relações entre presente, passado e futuro, interpostas por práticas e experiências midiáticas de coletivos sociais e circuitos interacionais, o que demanda novas epistemologias e metodologias que lidem com as tensões entre essas relações quando pensadas a partir de meios anteriores e os atuais, como aborda Eliseo Verón em vários de seus estudos. Qual o alcance dessas linhagens e correntes para a compreensão dos sentidos de tempos e espaços em relação à produção, ao consumo e à circulação de narrativas que convivem atualmente no espaço midiático?

3. COLETIVOS EM REDE, IDENTIDADES E DIFERENÇAS
INTERSECCIONAIS
Na perspectiva da circulação/midiatização, a discussão sobre identidade se distancia de signos identitários fixos e imutáveis (em diversos níveis de representação, linguagens, discursivos, narrativos e argumentativos), para situar a complexa questão das ressignificações que emergem na circulação, com coletivos que emergem e se interpõem às ofertas midiáticas hegemônicas, em potencialidades materializadas ou não. Neste eixo, pretende-se tensionar as perspectivas epistemológicas das mediações. Para pensar as mediações e midiatizações no contexto das identidades e da sustentabilidade em suas possibilidades, trata-se de proposta teórico-empírica fundamentada numa abordagem semiopragmática das relações entre signos e consumidores nos espaços de recepção e circulação, portanto considerando aspectos das mediações comunicativas das culturas.
Entre os observáveis das mediações e lógicas de midiatização, estão as experiências de “coletivos interseccionados” (termo derivado do conceito de interseccionalidade de Patrícia Hill Collins), principalmente, nesta chamada, a partir das categorias de raça, gênero e classe, cujos atravessamentos se encontram com outros repertórios de opressão e resistência em atualização. Entende-se o racismo como uma questão transversal a esses coletivos, o que proporciona hipóteses para compreensão e opera como demarcadora de lógicas e repertórios de coletivos sociais, tais como juventudes periféricas, negros, LGBTQIAP+, movimentos de reforma agrária, entregadores, publicitários e suas lógicas na constituição de imaginários e mundos possíveis, com vistas a entender possibilidades de superação da crise do Antropoceno e dos Direitos Humanos para povos periféricos em perspectivas decoloniais ou contracoloniais. Nessas tensões epistemológicas, pretende-se
também problematizar hipóteses e debates atuais de crítica ao identitarismo, como derivado de crenças que bloqueiam as sociabilidades possíveis e a cooperação, favorecendo interações irracionais.

4. DEMOCRACIA, FASCISMO, AUTORITARISMO
No Brasil e em várias parte do planeta, assistimos o aprofundamento do desequilíbrio ambiental e a agudização dos problemas sociais ocorrerem simultaneamente à preocupante emergência de forças políticas de direita fisiológica e de extrema direita negacionista da ciência e das questões ambientais que, em países como o Brasil, tem se tornado hegemônica, por conta do uso intenso das redes sociais da internet e, graças a isso, de vitórias eleitorais amplas que culminam no controle do Estado por essas forças.
Candidaturas natodigitais, como a de Pablo Marçal, nas eleições municipais de São Paulo, em 2024, tendem a ditar a pauta dos processos eleitorais, revelando uma capacidade comunicativa extraordinária, que repercute fortemente em camadas despossuídas da sociedade. Certo de que tais tendências arriscam não apenas a legitimidade das noções civilizatórias de democracia e direitos humanos, mas a própria vida no planeta, na medida em que reforçam discursos reacionários e negacionistas do conhecimento científico, parece-nos urgente estudar e compreender os processos de midiatização envolvidos nesses sentidos. Pergunta-se sobre as relações entre midiatização e mutações do campo político, situado entre configurações do Estado e da sociedade civil.

5. COOPERAÇÃO, REGULAÇÃO E CONFLITO
O eixo cooperação, regulação e conflito se refere aos níveis nacionais e internacionais. Este tópico abrange: a questão da conflituosidade entre a comunicação digital global e as culturas locais, os interesses do estado local e as formas locais de regular esta conflituosidade. Inclui também a midiatização e a hibridização de guerras e conflitos, bem como novas formas não convencionais de soluções diplomáticas para tal conflituosidade. Nacionalmente, trata-se de investigação sobre as formas como o Brasil vem lidando com a regulação das plataformas digitais consolidadas (como o X) sob o prisma da midiatização, considerando que a relação entre Estado e plataformas oscila entre ações de colaboração (lançamento da Starlink na Amazônia brasileira em 2022), ações consideradas conflituosas (como a proibição do funcionamento do X em 2024) e ações de regulação (com a criação de políticas públicas recentes, como o “PL das fake news”, entre outros). A midiatização dessas formas de interação permite observar como diferentes atores intervêm: ou porque têm interesses na concentração midiática, ou para tirar proveito dos desertos de notícias que persistem no digital ou, ainda, porque têm interesse no uso político do “solucionismo tecnológico” que está atrelado às posturas discursivas das plataformas.

6. LINGUAGENS, EMOÇÕES E VÍNCULOS
As interações sociais mediadas por lógicas de midiatização, associadas à concentração de poder tecnológico, econômico e político das big techs tensionam o espaço público construído após as revoluções liberais. O cidadão, convertido em consumidor e o consumidor, em produto, são regulados pela lógica da economia da atenção. Aqui, se pretende discutir o vínculo sígnico que emerge de marcas e produtos, mas também como signos culturais (sob a forma de imagens materiais, não imediatamente mercantis) que se transportam no tempo e espaço para constituição de sentidos do presente, direcionando as interações e afinidades eletivas e estabilizando relações sociais na produção do comum e/ou do enclausuramento cultural, inclusive gestando polarizações. Neste eixo, também se discutirá o capitalismo comunicacional canibal (termo de Nancy Fraser), uma forma social que suga as energias sociais para acumular capital: a capitalização nas redes, que incide na atenção e nos afetos, devorando a própria substância social, como diz Fraser. A aceleração social é a) tecnológica, b) de mudanças sociais, c) do ritmo (tempo e espaço) de vida. Com ela, o tempo resulta escasso e o espaço se comprime. As soluções sociais se tornam técnicas e não políticas, ameaçando o espaço democrático da deliberação política. Nesse sentido, como acontecimentalizar (no sentido de Badiou) a política? Como eixo transversal, trata-se de pensar “midiatização” como alcance do termo e a abrangência dos processos.

FORMATO DOS GRUPOS DE TRABALHO: ENCONTROS HÍBRIDOS (PRESENCIAL E REMOTO)
Após as submissões, serão formados grupos de trabalho (GTs), que contarão com a presença de pesquisadores, doutores e doutorandos, mestres e mestrandos, graduados e graduandos, que tenham tido seus resumos aprovados, conforme chamada em curso.
Os temas dos grupos de pesquisa dialogam com o tema geral do Seminário, mas com flexibilidade temática e nos termos das perspectivas epistemológicas específicas da midiatização.
Daremos continuidade aos processos estabelecidos nas edições anteriores do Seminário de Midiatização:
a) submissões feitas em formulário OJS
(https://midiaticom.org/anais/index.php/seminario-midiatizacao-resumos/submissao1);
b) grupos de trabalho constituídos ad hoc, após as submissões;
c) resumos ampliados são avaliados em formato de parecer duplo-cego e publicados em
Anais de Resumos Ampliados;
d) encontros híbridos, de debate cooperativo em grupos de trabalho;

e) publicação de Anais de Artigos Completos, após revisões e formatação conforme
orientações da Comissão Editorial Midiaticom, responsável pelos meios do Seminário
Midiatização. Os artigos completos são publicados após apresentação e debates para que
agreguem contribuições do evento.
Os GTs funcionarão da seguinte forma:
a) Apresentação, acompanhada de PPTs, de 10 minutos por trabalho;
b) Comentários ao trabalho por parte de pesquisador convidado da Rede – 5 minutos;
c) Discussão de 15 minutos no grupo;
d) Total de reflexão sobre cada trabalho submetido: 60 minutos;
e) Cada GT terá até 10 trabalhos, que serão distribuídos, na grade de programação, em três ou quatro encontros com duração de 3 horas cada um. Haverá tradução português-
inglês.

FORMATO DAS CONFERÊNCIAS E MESAS DE DEBATE
Em encontros presenciais na ECA USP, com acesso e debates também remotos, as mesas de conferências e debates se realizarão em formato híbrido, com pesquisadores presenciais em mobilidade na USP e na UFSM, articulados a outros em suas universidades, todos com acesso também remoto. Equipamentos serão contratados para eventos em sistema híbrido. Deverão ocorrer simultâneas a vinda de pesquisadores estrangeiros, inclusive com recursos de agências nacionais do exterior, sempre que possível. Em todas as mesas, haverá tradução simultânea (português-inglês). Os
participantes dos GTs também participarão de eventos híbridos – presenciais e remotos.
Cada mesa durará de 3 a 4 horas, com uma hora para apresentação e discussão de cada conferência. No total, serão realizadas seis mesas, com pesquisadores conferencistas de 4 regiões do Brasil, além da Argentina, França, Suécia e Portugal. A programação completa será publicada em fevereiro de 2025.

PUBLICAÇÕES
Os trabalhos submetidos aos Grupos de Trabalho serão publicados em Anais de Resumos

Ampliados: https://midiaticom.org/anais/index.php/seminario-midiatizacao-
resumos/issue/archive

Após apresentação e discussão, podem ser publicados em Anais de Artigos Completos:
https://midiaticom.org/anais/index.php/seminario-midiatizacao-artigos/issue/archive
As conferências serão publicadas em
https://midiaticom.org/anais/index.php/triviis/issue/archive
Posteriormente, são publicados livros de debates (em inglês e português):

E-books

COMISSÃO ORGANIZADORA
Jairo Ferreira (UFSM/USP)
Eneus Trindade Barreto Filho (ECA USP)
Ada Cristina Machado da Silveira (UFSM)
Ana Paula da Rosa (UFRGS)
Aline Roes Dalmolin (UFSM)

COMISSÃO CIENTÍFICA
Dra. Ada Machado da Silveira (UFSM)
Dra. Aline Dalmolin (UFSM)
Dra. Ana Paula da Rosa (UFRGS)
Dr. Angelo Neckel (Uniasselvi / Midiaticom)
Dr. Antonio Fausto Neto (UFPB)
Dr. Benoit Lafon (Université Grenoble Alpes)
Dra. Clotilde Perez (ECA USP)
Dr. Deivison Campos (PUC-RS)
Dr. Demétrio Soster (UFS / Midiaticom )
Dr. Dinis Ferreira Cortes (Midiaticom )
Dr. Eneus Trindade Barreto Filho (USP)
Dr. Giovandro Ferreira (UFBA)
Dr. Goran Bolin (Södertörns Högskola)
Dra. Heike Graf (Södertörns Högskola)
Dr. Hermundes Flores (Unileste / Midiaticom)
Dr. Ilia Kiriya [AR1](Université Grenoble Alpes)
Dra. Isabel Löfgren (Södertörns Högskola)
Dra. Ivanise Andrade (UFBA)
Dr. Jairo Ferreira (UFSM / USP / Midiaticom)
Dr. Joanguete Celestino (Universidade Eduardo de Mondlane / UFSM / Midiaticom)
Dr. João Damásio (UFU / Midiaticom)

Dr. José Aidar Prado (PUC-SP)
Dr. José Luiz Braga (UFG)
Dra. Lorreine Petters (Université Grenoble Alpes)
Dra. Lucrecia Ferrara (PUC-SP)
Dr. Luis Mauro Martino (Cásper Líbero)
Dr. Luiz Antonio Signates (UFG)
Dr. Mario Carlón (Universidad de Buenos Aires)
Dr. Michael Forsman (Södertörns Högskola)
Dra. Natalia Raimondo[AR2] Anselmino (Universidad Nacional de Rosário)
Dra. Patricia Goncalves Saldanha (UFF)
Dra. Paula de Souza Paes (UFPB)
Dr. Pedro Gilberto Gomes (Unisinos)
Dr. Ricardo Zimmermann Fiegenbaum (UFPEL / Midiaticom)
Dr. Tiago Quiroga (UNB)
Dra. Viviane Borelli (UFSM)

COMISSÃO EDITORIAL

EDITORES ASSOCIADOS
Dr. Dinis Ferreira Cortes (Midiaticom)
Dr. João Damásio (UFU)
Doutoranda Luisa Schenato Staldoni (Midiaticom)

COMITÊ EDITORIAL
Prof. Dr. Sandra Depexe (UFSM)
Prof. Dr. Ricardo Zimmermann Fiegenbaum (UFPEL)
Prof. Dr. Mauricio Fanfa (UFSM)
Prof. Dr. João Damásio (UFU)
Prof. Dr. Joanguete Celestino (Eduardo de Mondlane University/UFSM)
Prof. Dr. Hermundes Flores (Unileste)

Prof. Dr. Demétrio de Azeredo Soster (UFS)
Prof. Dr. Ângelo Neckel (Uniasselvi)
Dr. Dinis Ferreira Cortes (Midiaticom)
Doutorando Jean Silveira Rossi (UFSM)
Doutoranda Luisa Schenato Staldoni (Midiaticom)
Doutoranda Camila Hartmann (Midiaticom)
Ms. William Martins (Midiaticom)
Ms. João Vitor da Silva Bitencourt (UFSM)
Ms. Alexandra Martins Vieira (UFSM)
Graduanda Sofia Roratto (UFSM)

Dr. Ângelo Neckel (Uniasselvi)
Dr. Demétrio de Azeredo Soster (UFS)
Dr. Hermundes Flores (Unileste)
Dr. Joanguete Celestino (Universidade Eduardo de Mondlane / UFSM)
Dr. Ricardo Zimmermann Fiegenbaum (UFPEL)
Dra. Camila Hartmann (Midiaticom)
Ms. William Martins (Midiaticom)